Ele bate-me!

Mencionei no outro dia aqui, que ele bate-me!
E é verdade! Antes de mais, deixem-me que vos explique que aquilo que escrevo não é estruturado… é uma coisa que sai! E raramente volto atrás para corrigir seja o que for! Daí ter dito, e estar a repetir assim de forma tão fria que ele me bate!
Bate sim senhor. Quando está chateado, quando não lhe dou o que quer, quando não o deixo mexer na televisão, quando não respeito a sua vontade.
E se em tempos eu visse um bebé de um ano a bater na mãe diria algo como: “Que horror! Tão pequenino e já tão mal educadinho… que falta de respeito. Isto é coisa que eu não vou admitir… Deve ser pouco mimado, deve!” – Pois é! Mas agora que sou mãe, descobri que afinal não é bem assim…
Nunca bati no Vasco (nem ninguém, espero eu!) pelo que a conversa do “eles fazem o que vêm” não se aplica aqui.
Tal como disse aqui, é instinto, é inocência, é pureza!
Sim, é reacção… é uma forma de expressão. E é inocente e pura precisamente porque ele não sabe que é algo que não se faz!
É, obviamente algo que tenho que lhe ensinar… fazê-lo perceber que é errado, e que magoa. Não se pode bater nos outros. E isto é mútuo. Se eu quero que ele saiba que não pode bater nos outros, os outros também não podem bater nele.
Temos muito o hábito de rebaixar as nossas crianças… como se elas tivessem menos direitos (e ainda assim quase os mesmos deveres) que nós! E não está certo. Não é justo!
Quantos de nós não chegamos à hora de jantar sem apetite?! Ou aquele dia em que não nos apetece lavar a loiça?! Ou aquela pessoa chata que nos está a aborrecer?! Ou aquela coisa que vimos numa montra e queremos só porque sim, e compramos!?
Acontece a todos… Acontece a nós adultos, e acontece às crianças! A diferença é que eles ainda não sabem bem o que é certo e errado. Não sabem conter-se, não sabem adequar o seu comportamento ao meio em que estão inseridos… São guiados por instintos. Ponto!
Quantas vezes, não se vê uma criança que quer um objecto qualquer e a mãe diz que não… e quantas dessas vezes, esse não é infundado? Não porque não? Porquê? Temos mesmo a necessidade de dizer tantas vezes que não? É mesmo positivo obriga-los a comer quando não têm fome? Obrigá-los a dormir quando não têm sono? Obrigá-los a arrumar os brinquedos, num dia de preguiça? Para quê? Para comprar guerras com eles!? (Ainda não aprendemos que eles ganham na maioria das vezes!?) Para discutir? Gritar? Para os rebaixar?! Só porque nós entendemos que é assim, porque sim!?!?
Não sei se me estou a conseguir explicar bem!
O que acho é que muitas vezes não respeitamos as nossas crianças, não os vemos como iguais, mas sim como inferiores, quando na realidade não deveria ser assim (acho eu).
Isto aplica-se ao bater mas não só. Aplica-se a tudo o que seja não respeitar a vontade deles só porque não!
Claro que muitas coisas têm fundamento.
Por exemplo: Disse que ele me bate quando não o deixo mexer na televisão. Isto porque a televisão está literalmente pendurada e tenho medo que caia e em cima dele.
Eu não lhe consigo explicar isto, por enquanto. Mas não o posso deixar fazer. Ele, como não pode mexer e não sabe porquê bate-me! E bate-me porque não sabe falar e não me pode perguntar porquê… Percebem?!
È natural, é a aprendizagem a decorrer… É um jogo de calma e paciência que mais uma vez nós mães temos que ter.
Sempre disse, e acredito que a educação não é coisa de um dia… é coisa de uma vida!
É construir aos poucos, é ir ensinando e educando passo-a-passo, com imensas tentativas e muitas delas falhadas até estarmos todos “no mesmo barco.”
E “no mesmo barco” é isso mesmo… Igualdade!
Somos iguais, e devemos ter o mesmo respeito para com as crianças, que aquele que exigimos deles.
Os mesmos direitos e os mesmos deveres… com calma, mas sempre, com respeito…
Não sei se me consegui explicar.

Por enquanto sim, ele bate-me. Estou a tentar ensiná-lo a não fazê-lo. Estou a tentar respeitar as suas vontades, vendo-o como um igual. E para já, esse bater, é puro instinto… nada mais!


Comentários

  1. Incrível, como os seus comentários no facebook sao tão oportunos, dá a sensação que a Sra. nos Vigia lá em casa (no bom sentido, claro), e ao outro dia nos escreve, para reflectirmos aquilo em que erramos ontem.
    Obrigado por me estar a ajudar a ver as coisas de um outro prisma, obrigado por me estar ajudar a ser uma melhor mãe. De facto tenho estado a batalhar com este problema "ela bate-me" e não tenho feito da melhor forma. Obrigado

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    1. Oh, que surpresa :)
      A verdade é que muitas vezes escrevo sobre temas com os quais me cruzei na véspera ou dia antes... Procuro sempre ter temas que sejam comuns a muitas de nós.
      Não me agradeça, por favor... Se há coisa que eu não sei é ser mãe, mas tal como todas nós, faço o melhor que posso e tento sempre aprender mais. E aprendo muito com alguns comentários que recebo nos meus posts. Neste caso, li um livro que me "deu" esta forma de pensar... Recomendo. Se gostou do meu ponto de vista leia o "Besame mucho" vai gostar :)
      E mais uma vez. Obrigada eu, por continuar desse lado :) É isso que me faz continuar :)
      beijinhos

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  2. Tão nós. Mas aqui ele morde me. A mim. Só a mim. Vem com a boca aberta como quem vem dar um beijo e morde. Eu solto um grito de dor e ele ri se. Vou fazer o quê? É inocente e isso vê se na maneira como reage a seguir! Já me gozam pq trago os ombros pisados (aqueles quatro dentinhos alinhados acima e em baixo são capazes de grandes estragos). Às vezes fico magoada mas porque sou parva. Depois de reflectir passa me. Vou explicando que não se faz na esperança que ele comece a a etender.

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